quarta-feira, 30 de março de 2011

Burocracias...





“Não pode ser por mail. Tem de ser por fax”.

Confesso que estas simples palavras me tiraram do sério. Uma ira súbita, indescritivelmente feroz. Estava capaz de esfolar viva a sua autora.
A impotência de ouvir esta resposta a 300 km de distância aumentou a agonia…

O cenário era a embaixada da Índia. A complicada missão, arranjar um visto com dupla entrada. Exigiam um comprovativo em como ia sair do país…
Se, conscientemente, peço um visto de dupla entrada, por que raio me estaria eu a chatear com o assunto caso não pensasse mesmo em sair do país???

Depois de argumentar em vão, lá tive de fazer o óbvio: fui à net e reservei estadia para duas noites em Katmandu. Paguei uma ninharia por uma reserva que não vou usar e com isso resolvi o problema. Ou pensei que o tinha feito.

“Não pode ser por mail. Tem de ser por fax”.
Foi aqui que a frase entrou na história, referindo-se ao envio do comprovativo. Foi aí que me passei. Verdadeiramente. Não apenas por esta história, mas por várias outras.

Foram múltiplos minúsculos e patéticos obstáculos (não chamo obstáculos às regras que cada país entende necessárias para ser visitado) que retiveram a minha boa amiga Teresa duas manhãs na embaixada (A minha homenagem a uma paciente interlocutora entre uma zelosa burocrata funcionária e um impotente e distante interessado em viajar para a Índia).

Insisti uma e outra vez com a Teresa. Para lembrar à sua interlocutora que eu estava no Porto. E que era normal que não tivesse fax em casa. E que o mail da embaixada serve perfeitamente para estas coisas. Em vão. “Tem de ser por fax”, insistiu.

A embaixada estava quase a fechar e tinha poucos minutos para tentar evitar uma provável terceira viagem à embaixada da “mártir” que decidiu ajudar-nos. Desliguei a 284ª chamada naquela manhã e inspirei fundo, tentando uma solução mágica. Minutos depois, ligou-me a Teresa a dizer que, afinal, já podia usar o mail. Nem quis saber porquê. Enviei.

Sei que vou deparar-me com inúmeras situações destas na Índia. Só espero que o excesso de burocracia não crie problemas de maior. Com paciência e bom humor, estes obstáculos até podem dar boas histórias.
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terça-feira, 29 de março de 2011

Blogues anteriores + O que esperar deste?

Cada vez que cedo à tentação de me aventurar num blogue, há quem pergunte se há relatos similares de viagens anteriores. Sim, há.

Tudo começou com a experiência africatrio.blogspot.com (apenas gatafunhei os textos), seguindo-se o africamundial2010eu.blogspot.com e, finalmente, o recente australianovazelandia.blogspot.com (em ambos, levei com todos os “afazeres”).

Sim, é verdade. Enraizou-se-me este bichinho e agora é complicado almejar uma serena paz interior se viajar sem um “pczinho” para ir rabiscando as experiências que vamos tendo.

Ainda assim, e apesar do inegável estímulo, meus amigos é favor moderar (mesmo!!) nas expetativas, pois o blogue não é o desígnio da viagem. Assim sendo, relembro, novamente, os propósitos “maiores” desta aventura:

1 – Uma memória futura para mim e para o Vasco, registando histórias e experiências que a mente vai esquecendo (e já perdi demasiadas). Este blogue é o garante que continuarão vivas em nós.

2 – Sossegar familiares e amigos e mostrar-lhes o que os nossos sentidos têm captado. Não haverá tempo para mails pessoais. É a melhor forma de vos ir contando o que se passa deste lado do planeta.

3 – Uns dias com mais cuidado e outros com menos. Não esperem uma obra literária ou palavreado pomposo. Escrevo de uma penada, volto a ler e, se não detetar erros, sigaaaaaaaaaaaaaaaa!!
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domingo, 27 de março de 2011

COMPANHIA

Os inevitáveis companheiros de sempre, Carlos e Zé Luís, estavam “out” para esta viagem. Ia, por isso, ser tudo diferente.

Paralelamente, tinha uma “dívida” de disponibilidade para férias com amizades da Lituânia. Estava tudo acertado. No dia de comprar a viagem, um inesperado “corte” de última hora.

“Sem stress, é uma boa altura para voltar a viajar sozinho”, pensei. Tudo tranquilo. O “problema” é que o destino não foi em cantigas. Teima em trocar-me as voltas. Nem 10 minutos depois da alteração de planos, eis que um velho companheiro me aborda no facebook.

“Vou agora com o FC Porto a Moscovo (CSKA) e depois vou gozar férias do ano passado. Vou parar 35 dias. Quero ir a qualquer lado”, comentou o Vasco.

Já tínhamos viajado juntos em 2002 no Brasil e em 2006 (ou será 2007?) na Estónia, Letónia e Lituânia. Além de várias saídas em trabalho na Liga dos Campeões. Um grande companheiro. Muitas histórias. Um cúmplice de muitos anos.

Vasco queria ir para a América do Sul. Socorri-me de um vasto leque de argumentos para o “desviar”. O Vasco já tinha estado na Índia em 2010 (enquanto repórter de imagem, viajou dois meses com o Gonçalo Cadilhe na Ásia a gravar para programas do escritor para a TV), mas lá o convenci que valia a pena voltar. Esta viagem vai ser diferente. Com uma filosofia e expectativas distintos.

E há ainda o “must” do Nepal…
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Porquê?

Austrália e Nova Zelândia, com passagens curtas, mas marcantes, por Bali, Malaca e Doha, maravilharam-me, mas deixaram igualmente um sabor a pouco. Muito pouco. E uma certa vontade de regressar a experiências diferentes, menos “civilizadas”.

Cinco semanas nos antípodas são irrisórias quando há imensa beleza à mão de ser sorvida, explorada. O meu peito regressou cheio de muitas coisas, mas vazio de tantas outras mais que não pude saborear. Houve momentos de plenitude, mas precisava de mais.

Não foi a viagem da minha vida – a América do Sul continua a ter a primazia -, pois faltaram “nuances” para merecer a predileção suprema nas minhas experiências de viagem.

“Na verdade, ambos os países revelam-se tão perfeitinhos que quase me stressam (exagero, claro, mas é para que me entendam). Sinto falta do imprevisto, de “confusão”. Das dificuldades das quais nascem as boas histórias. Aquelas que não esqueceremos e nos “atropelamos” (eu, Carlos e Zé Luís) para contar aos amigos”, escrevi em australianovazelandia.blogspot.com.

Pois bem, é à procura de tudo isso e muito mais que parto novamente. Destino? Índia e Nepal. Estavam numa ampla lista de locais a visitar. É agora. Pouco mais de duas semanas. Mas farei para que pareçam uma eternidade. Uma vida. Uma história de vida.
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