sábado, 16 de abril de 2011

Finalmente, magia… e bicicletas sagradas



Ao contrário do que parece, nem tudo foi mau aos nossos olhos. Varanasi também tem magia. Eram 04:30 e já estávamos na margem do Ganges para ver o nascer do sol.

Milhares de pessoas dormem nas ruas. No chão, num pedaço de cartão. Num plástico. Na terra ou cimento. Em alguns locais, quase amontoados. Vestindo um mero farrapo. Nunca conheceram outra vida. Nem sequer chega a haver resignação.

O sol ameaça aparecer. O show vai começar. Alugámos uma hora de barco. E é a remos que vamos rasgando suavemente as águas do Ganges. E vemos milhares e iniciar aqui o seu dia. Purificando-se. Lavando-se.

A uma distância da margem ideal para ver a luz beijar os vários decrépitos, mas belos palácios e templos, nem vemos poluição. Apenas magia. Somente beleza. É uma hora quase sem palavras. Fotos. Bastantes. Sorrisos em trocas de olhar. Muitos. Momento de ilusão para os cinco.


Mais tarde, festejaríamos com inúmeras “lassi”, uma deliciosa bebida à base de iogurte. Certamente a comemoração que me atiraria vezes sem conta para o WC nos dias seguintes (e não vou falar sobre os wc da India). Que me deu febre.

As lassi (ou comida higiénica) que deixou o Vasco com dores musculares e alterações de temperatura. E o Frank com problemas de estômago. Mas que era saborosa, lá isso era.



E, falando ainda de magia, o Frank provou uma lassi “especial”. Durante horas, não conseguia parar de… rir. Chegou a ver uma bicicleta sagrada. E jurou que era mesmo. Ao descermos de um restaurante, no topo de um hotel, paragem a cada cinco degraus. Estava exausto. A descer. Ria, ria e jurava o seu estado debilitado.

Na visita que fizemos à universidade, descobrimos “outra” Varanasi, outra India. Uma zona silenciosa, ampla e verde. E limpa. Tudo geométrico. Tudo planeado. Bem estruturado.

Ashta indicou-nos onde poderíamos comer. Mudou o seu percurso para nos levar ao local. Meia hora a pé. Sentou-se a almoçar connosco. Recusou escolher comida que fazíamos questão de oferecer. Petiscou da nossa. E levou-nos a um templo hindu onde nos foi explicando a sua religião. Mostrou-nos todas as suas fotos pessoais, um bem precioso que costuma acompanhar os indianos.


“Gosto de ajudar os outros. Simplesmente isso. Foi um prazer”, disse-nos. O prazer foi nosso. Todo nosso, Astha. Na India, finalmente uma alma que traduz o melhor deste povo.

PS: À hora que este post é publicado, já toda a gente está bem de saúde.

1 comentário:

  1. :-) As lassi que costumo beber no Monte Everest não costuman ter esse efeito em mim... Mas se calhar não são bem iguais. ;-)
    Bem dita farmácia pessoal!!!

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