domingo, 3 de abril de 2011

Rumo ao desconhecido


45 minutos antes do fim da nossa primeira viagem nos caminhos de ferro indianos, já um dos nossos companheiros de “suite” nos tinha acordado. Com o seu inglês rudimentar – e de forma paternal – fez-nos preparar a mala e dirigir-nos para a saída mais próxima do comboio. Foi uma eternidade até esta lentidão se imobilizar na estação de Gorakhpur. Que parecia não ter fim.

Imediatamente assaltados por taxistas desejosos de nos levar à fronteira. Saímos da estação e seguimos o nosso anfitrião uns metros. Despedimo-nos com cordialidade. Agora é ele a vítima da pressão desenfreada dos taxistas e voluntariosos locais, para que nos convencesse. Nem demos tempo ou oportunidade para isso
.
Por entre ruas caóticas apinhadas de bicicletas, tuc tuc´s, ruidosas motos, carros em mau estado e carripanas ou esganiçadas vacas à solta, lá chegámos onde era suposto partirem os autocarros para a fronteira.

“Sim, para a fronteira com Katmandu”, confirmou o motorista. Dois solícitos colocaram-nos a mala na bagageira traseira. Um deles exige dinheiro pelo “serviço especial”. Vamos ao motorista confirmar. Diz-nos que além do bilhete de apenas um euro, nada mais é preciso pagar. O “intruso” insiste. Nós também. Muda o tom de voz. Torna-se agressivo. Mostrámos que podemos, igualmente, subir a parada.
“Will you kill me? Want to kill me?”, desafiou-me. “Se o fizer, não será certamente pela mala”, respondi, com a firmeza de voz e olhar que ele precisava ouvir. “Não te queremos ver mais por aqui. E livra-te de te aproximares da nossa bagagem”. Entendeu a mensagem. Obviamente, não se tratava do insignificante dinheiro, mas da arrogância e tom intimidatório com que turistas são abordados num local onde, sem dúvida, se sentem fora do ambiente natural.

Três horas até à fronteira. Sentados à frente, em banco estranhamente virado para o motorista. Ao lado de uma sorridente criança hindu, vamos acompanhando o país rural. Continua a não haver sinais de progresso. As fotografias são as mesmas de há décadas.

Almoçámos ainda antes da fronteira. Riquexós insistem que temos de caminhar ainda um quilómetro e meio para a fronteira, que nos fazem um preço especial. Sabemos que em 200 metros, após a curva próxima, estaremos no destino.

Caminhamos e somos abordados para um bem vestido estanho que nos lembra que temos de tratar da saída na emigração. Um processo de trabalho ainda rudimentar, mas inesperadamente rápido. No fim, insistem que temos de trocar o dinheiro da India pelo do Nepal antes da fronteira. “A polícia fica com ele nas inspecções”, justifica. Sabemos que não é assim. Trocámos apenas uma nota para as primeiras necessidades. Cambio naturalmente desfavorável.

Atravessámos o pórtico que anuncia o Nepal. Da forma mais desoladora possível, descobrimos que esta não é a fronteira que pretendíamos…

2 comentários:

  1. hehehehe... então? não era Katmandu??? ainda vao parar ao paquistão ou dão de caras com o Indiana Jones e o seu chicote...
    Boa aventura amigos

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  2. Ops! estou como diz o Marco. Então? em vez de irem para direita viraram para a esquerda? "To the north lies Nepal." Bom sei que estão bem, muito bem até, conforme referiste por isso há que deixar o espírito de viajante direccionar a vossa aventura.
    Nessa zona os meus amigos falar-me do Parque Nacional de Chitwan.

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