segunda-feira, 11 de abril de 2011

Tibete no Nepal


Em poucos minutos nos libertamos do convite persuasivo para comprarmos tapeçarias. Mesmo que as quiséssemos, não tínhamos espaço para elas. Sorrisos de compreensão.

Segundos depois, já estava feito o desafio. Éramos claramente maiores, mas eles eram mais. Conheciam os vícios da bola e das tabelas. Basquetebol. Eu e o Vasco contra três reguilas pré adolescentes. Nos forçando-nos a não correr, para ser equilibrado. E a terminar o jogo pouco depois num empate que a todos satisfizesse.

Acreditámos que vamos ter bom vídeo da cena. Terminámos em festa. Seguimos para o mosteiro. Encontrámos o grupo de italianas com quem já tínhamos esbarrado na festa e na guest house de Dhampus. Ofereceram-nos boleia para Pokhara, mas ainda era cedo para nós.


Conseguimos “entrevistar” um monge no templo. Também ele de uma família de refugiados tibetanos. Contou-nos o seu dia a dia dedicado aos estudos. E a fazer deste um mundo melhor. Não quer constituir família. Já a tem. No mosteiro.

Tal como muitos, foi na religião que escapou à fome. A uma vida de privações.

Já fora do complexo religioso, mas ainda dentro do campo de refugiados - uma aldeia “normal”, mas com esta designação por efectivamente albergar nepaleses obrigados a fugir do seu país – fomos falar com um responsável que nos contasse a historia do que se passa com os tibetanos no Nepal.

Neste campo vive uma comunidade de 830 pessoas. Boa parte delas dedica-se ao artesanato. Em torno de Pokhara há quatro campos, num total de uns 4.000 refugiados. Em todo o Nepal serão uns 15,000 “ainda assim incomparavelmente menos do que os que seguiram o Dalai Lama para a India”.

“Aqui não se vive. Sobrevive-se. Com o artesanato. Dos que o fazem. E dos que o vendem. As receitas vão para a comunidade. Sem documentos do Nepal, nem há escola podemos ir”, lamenta Terzin Tashi, um dos responsáveis do campo.

Ao contrário do esperado, o mosteiro não constitui um valor acrescentado para o campo. “As pessoas vêm cá para o ver, ouvir os monges cantar a horas fixas, mas depois vão embora, não prestando atenção à comunidade”.
Terzin ainda sonha voltar ao seu Tibete natal e aí construir o seu futuro. Juntamente com família e amigos. “Em 2012 haverá mudanças políticas na China. Acreditamos que o nosso destino pode mudar”.

Nós também queríamos acreditar, mas a nossa experiencia passada no Império do Meio faz-nos duvidar da concretização deste sonho…

2 comentários:

  1. Enfim... Não há comentários possíveis.
    Infelizmente esta é mais uma das muitas histórias que ouvimos falar em relação à opressão do povo tibetano, e a quem não é permitido viver em liberdade na sua terra.
    Bom documentário Rui e Vasco...
    Só uma pergunta, o que signifca o simbolo no início da crónica?
    bjo

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  2. Será que ele sozinho consegue fazer um mundo melhor? Grande desafio a que ele se propõe...
    Admiro esses Homens que dedicam suas vidas a essa busca...

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