Em poucos minutos nos libertamos do convite persuasivo para comprarmos tapeçarias. Mesmo que as quiséssemos, não tínhamos espaço para elas. Sorrisos de compreensão.
Segundos depois, já estava feito o desafio. Éramos claramente maiores, mas eles eram mais. Conheciam os vícios da bola e das tabelas. Basquetebol. Eu e o Vasco contra três reguilas pré adolescentes. Nos forçando-nos a não correr, para ser equilibrado. E a terminar o jogo pouco depois num empate que a todos satisfizesse.
Acreditámos que vamos ter bom vídeo da cena. Terminámos em festa. Seguimos para o mosteiro. Encontrámos o grupo de italianas com quem já tínhamos esbarrado na festa e na guest house de Dhampus. Ofereceram-nos boleia para Pokhara, mas ainda era cedo para nós.
Conseguimos “entrevistar” um monge no templo. Também ele de uma família de refugiados tibetanos. Contou-nos o seu dia a dia dedicado aos estudos. E a fazer deste um mundo melhor. Não quer constituir família. Já a tem. No mosteiro.
Tal como muitos, foi na religião que escapou à fome. A uma vida de privações.
Já fora do complexo religioso, mas ainda dentro do campo de refugiados - uma aldeia “normal”, mas com esta designação por efectivamente albergar nepaleses obrigados a fugir do seu país – fomos falar com um responsável que nos contasse a historia do que se passa com os tibetanos no Nepal.
Neste campo vive uma comunidade de 830 pessoas. Boa parte delas dedica-se ao artesanato. Em torno de Pokhara há quatro campos, num total de uns 4.000 refugiados. Em todo o Nepal serão uns 15,000 “ainda assim incomparavelmente menos do que os que seguiram o Dalai Lama para a India”.
“Aqui não se vive. Sobrevive-se. Com o artesanato. Dos que o fazem. E dos que o vendem. As receitas vão para a comunidade. Sem documentos do Nepal, nem há escola podemos ir”, lamenta Terzin Tashi, um dos responsáveis do campo.
Ao contrário do esperado, o mosteiro não constitui um valor acrescentado para o campo. “As pessoas vêm cá para o ver, ouvir os monges cantar a horas fixas, mas depois vão embora, não prestando atenção à comunidade”.
Terzin ainda sonha voltar ao seu Tibete natal e aí construir o seu futuro. Juntamente com família e amigos. “Em 2012 haverá mudanças políticas na China. Acreditamos que o nosso destino pode mudar”.
Nós também queríamos acreditar, mas a nossa experiencia passada no Império do Meio faz-nos duvidar da concretização deste sonho…
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ResponderEliminarInfelizmente esta é mais uma das muitas histórias que ouvimos falar em relação à opressão do povo tibetano, e a quem não é permitido viver em liberdade na sua terra.
Bom documentário Rui e Vasco...
Só uma pergunta, o que signifca o simbolo no início da crónica?
bjo
Será que ele sozinho consegue fazer um mundo melhor? Grande desafio a que ele se propõe...
ResponderEliminarAdmiro esses Homens que dedicam suas vidas a essa busca...