segunda-feira, 4 de abril de 2011

Wellcome to Nepal

Deveríamos estar na manhã seguinte às 10:00 em Katmandu. Era o combinado com João Garcia, o alpinista. Dada a troca de fronteira, ficamos a saber que não estaremos a umas três horas de viagem da capital do Nepal, mas, “a correr bem”, a umas 12.

Dormida fugaz em Lisboa. A seguinte no avião. Depois pernoitámos no comboio. Agora ia ser a bordo de um bus que há séculos deveria estar num museu. E a estrada não era fácil. Pensamos alterar trajecto, mas isso só na impossibilidade de encontrarmos o João.

Era imperioso aceder à internet. Parecia impossível naquele local esquecido pelo Homem. Partilhamos nossa frustração com o funcionário da fronteira…

“Precisam de quanto tempo? Bom, se é para algo rápido, podem usar a nossa internet”, disse. Nem acreditávamos. Agradecemos a inesperada gentileza das autoridades do Nepal, no ano dedicado pelo país a promover o turismo. O João tinha já enviado duas mensagens. Estávamos confirmados para manhã seguinte.

Os autocarros saíam a horas diferentes, mas chegavam quase todos ao mesmo tempo a Katmandu. Foi a “garantia” que nos deram. Ainda assim, escolhemos o primeiro (17:15). Em pouco tempo entendemos as 12 horas…

De 100 em 100 metros paravam e entrava gente. Mesmo já cheio, com pessoas sentadas no corredor, cabia sempre mais um, dois, três… No tejadilho, a mesma filosofia. A sucata em que nos transportávamos voava a ritmo frenético, chiava nas curvas em que prometia capotar, arriscava nas ultrapassagens… bom que nenhum dos dois é cardíaco.

No meio do mais puro e intenso breu, encontravam gente à face da estrada que era convencida a entrar. Vários torciam o nariz, outros eram quase empurrados a subir. Em vários locais amigos ou sócios tinham já angariado mais passageiros. Sobra já gente apinhada em pé à porta do obsoleto mini-bus.

Paragem para jantar. Prato único. Aspecto duvidoso. Fome dita leis. Arrisca-se. Soube muito bem. Apesar de só termos a certeza quanto a um ingrediente ingerido, o arroz seco. Na espera, somos abordados por outros passageiros. Muitas perguntas. De parte a parte. Hora de voltar à estrada.
O vidro não fecha totalmente na janela a meu lado. Coloco mochila a tentar minorar estragos. Agasalhos na mala, enterrada no tejadilho.

Nova paragem para confortar estômago. Neste caso, a vista também. Casinhas praticamente gémeas. Todas com forno em barro exterior. Nas cinco se cozinhava para os muitos viajantes nocturnos. Calor de fogo na estrelada noite. Momentos de plenitude interior. Meia hora quase espiritual. Conversa animada, apesar das dificuldades de entendimento.

O Nepal fervilha de trânsito à noite, todos querem estar manhã cedo em Katmandu.

Seguimos caminho e chegámos. É noite, ainda. 05:00 e Katmandu já mostra tiques e azáfama de metrópole de um mundo que também é o nosso…

(fotos em breve...)

6 comentários:

  1. Estou a adorar a vossa viagem...
    Apesar de todos os contratempos e da azáfama que uma viagem deste tipo trás, aquilo que vocês estão a ganhar e vão trazer supera tudo!!!
    Agora só faltam as imagens Vasquinho... ;-)
    Beijocas e até breve...

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  2. Fantastico... por aqui fervilhou a noite do titulo do fcp... do que vcs de livraram....
    aí desse lado do mundo às voltas com chaços velhos e comidas duvidosas... e eu aqui com os restantes colegas em emissao especial até às 5 da manha... hora que os jogadores escolheraqm para abandonarem a varanda do dragao.. pelo meio... bebados, mts perguntas insultos e impropérios e... comida duvidosa retirada de uma roulotte de cachorros na qual nao se pergunta pela validade das salsichas, bifanas ou maionese... pagamos 3 a 5 euros e... mata-bicho... cheguei a casa ja com o sol a espreitar...
    continuação de boa viagem... nao fumem coisas estranhas em Katmandu, nao cheguem perto das belezas locais embebidas em manteigae divirtam-se.. com juizo.
    ahhh e um beijo na testa ao Dalai Lama de serviço ja que o outro anda a vadiar algures :)
    abraço amigos

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  3. Ps.... nao apertem o nariz ao Joao G.... por amor de Deus, ainda ficam com alguma coisa em maos :)

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  4. Era mesmo isto que se esperava do blog...;)
    e dessa viagem também...as mais improváveis aventuras, contratempos e relatos..:)

    Vcs safam-se em qualquer lugar! só faltam mesmo as imagens para nos sentirmos aí!;)

    keep going!;)
    bj

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  5. Demais... e espero que a viagem de saída de Katmandu para Pokhara esteja a correr com menos percalços e que a comida melhor. Mas... bocês são uns moços de sorte e de certeza vão encontrar um daqueles sítios que sirvam dal bhat (Vasco tu vais adorar pois é uma sopa de lentilhas). Não esqueças de de comer por mim tarka ou tarkri,qq deste género que é uma mistura de legumes com iogurte.
    Tirem muitas fotos da cidade-lago. Que inveja! Pokara deve ser qualquer coisa ... só de imaginar um lago perto da maior montanha do mundo. Bj e bj b. respectivamente

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  6. Descobri na net o lema na nação nepalesa, e achei interessante partilhar:

    "A mãe e a terra-mãe valem mais que o reino dos céus" (tradução do sânscrito)

    Para mim faz todo o sentido...
    Agora falta saber se é isso que sentem por aí, sendo esse um país onde o Budismo é tão forte (ou não)...

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