sexta-feira, 1 de abril de 2011

Mr. Kishor

“Por que pintou o cabelo cor de ferrugem?”, perguntei, obviamente curioso.
“Para tapar as brancas”, respondeu. “E as mulheres acham sexy”, acrescentou. Não conseguimos evitar sonora gargalhada.
Na verdade, um interessantíssimo diálogo com o nosso novo amigo, condutor do tuc tuc com que exploramos a cidade. Passou o tempo todo a olhar para trás enquanto ziguezagueava pelas caóticas ruas de Deli. Os indianos só podem ter nascido com “radar” similar ao dos morcegos… típico no ADN da Ásia.
Foi o próprio a apresentar-se: “Mr. Kishor, 56 anos, três filhos, proprietário de um tuc tuc e adorador de mulheres com peito muito voluptuoso. Como a minha”, frisou, com um sorriso da cor do cabelo.
Por ele, ficámos mais convencidos de que as mentalidades e leis vão mudando na Índia. E que acabou mesmo, “oficialmente”, a questão do dote que as mulheres deveriam pagar à família do futuro marido.
“Se um dia me pedirem dinheiro, denuncio-os às autoridades. Se depois do casamento vierem com conversas que querem um carro ou ajuda para qualquer negócio, farei o mesmo. Nem que acabe com o casamento”, asseverou.
Ainda assim, o simpático Mr. Kishor não dá à filha a liberdade para um dia escolher o seu marido. “Sei o que é o melhor para ela”, justificou.
“E o amor?”, perguntei. “Isso vem depois, quando se conhecerem”. E não há forma de o demoverem essa ideia.
Entretanto, levou-nos a Jama Masjid (maior mesquita da Índia – a religião não permite fotos, mas se pagássemos 200 rupias por máquina…), ao Red Fort (edifício impressionante, com ampla história, onde todos os anos se faz o discurso oficial no Dia da Independência ) e ao Raj Ghat, onde jaz a alma do inigualável Gandi. Aqui, antes de apreciar o mausoléu, uma hora sob a gostosa sombra de uma árvore, com sono a cheirar a relva.
Pelo caminho, brindados com muitos calorosos sorrisos…

Sem comentários:

Enviar um comentário