quarta-feira, 20 de abril de 2011

Frank, tu matas-nos!


Foi com sensação interior de “incomplete” que abandonámos Jaipur. Acreditávamos que estava ali uma outra Índia para se revelar. Depois de questões de saúde, foi o tempo a não permitir. Temos pena. Mesmo.

Às 06:00 já o comboio expresso rumava a Nova Deli, a nossa última etapa. Sem paragens ou escalas. Uma maravilha. Um fim de manhã, toda a tarde e o que restasse da noite para as ultimas coisas antes do regresso a casa.

Compras de ultima hora, cambio do derradeiro dinheiro e despedida do Frank, que continua a sua viagem. Estará pela Ásia quatro meses e meio. Inveja. Muita.

“Acalma-te, miúdo. Agora vais estar só. Tem juízo, não percas a cabeça. E tem resto de excelente viagem”, dissemos-lhe, após abraços sentidos. Como se fossemos amigos há uma vida.

Nas cinco horas de comboio, Frank teve tempo alguns comentários com locais que podiam ter degenerado em conflito. E o seu estado instável preocupava-nos.

“Como é que vocês aguentam um país assim tão porco?”, começou por questionar a surpresa plateia, antes de pedir “10 rupias” pelos óculos que uma esteticista deixou cair e ele apanhou.

Para finalizar em grande, perguntou porque é que Shiva, o deus maior dos hindus, fuma umas “ganzas”.

Nesta altura, um silêncio embaraçoso na cabine. Todos a olhar para o Frank. E para nós.

“Não, isso não é verdade”, assegurou um dos interlocutores. Com um olhar e tom que não admitia duvidas.

Ainda assim, o nosso bom amigo insistiu. “Sim, garantiram-me isso no Nepal. Que Shiva fumava droga. Era marijuana? Haxixe? É por isso que na Índia todos fumam drogas?”.

Temperatura a subir. Abruptamente. Rostos rubros. Respirações aceleradas. Do lado indiano. Plano de emergência. Do nosso.

“Qual o melhor mercado para comprar roupa em Deli?”, atirei. Vasco pegou imediatamente em papel e caneta para nos registarem essas dicas. E o assunto morreu ali. Já devia ter acabado antes…

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